terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Proposta de Redação do Vestibular da UNESP 2015 - 2ª Fase

VESTIBULAR 2015 - UNESP
Prova de Conhecimentos Específicos e Redação
Linguagens e Códigos

15.12.2014

REDAÇÃO

Texto 1

O Brasil era o último país do mundo ocidental a eliminar a escravidão! Para a maioria dos parlamentares, que se tinham empenhado pela abolição, a questão estava encerrada. Os ex-escravos foram abandonados à sua própria sorte. Caberia a eles, daí por diante, converter sua emancipação em realidade. Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes fornecia meios para tornar sua liberdade efetiva. A igualdade jurídica não era suficiente para eliminar as enormes distâncias sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. A Lei Áurea abolia a escravidão mas não seu legado. Trezentos anos de opressão não se eliminam com uma penada. A abolição foi apenas o primeiro passo na direção da emancipação do negro. Nem por isso deixou de ser uma conquista, se bem que de efeito limitado.
(Emília Viotti da Costa. A abolição, 2008.)


Texto 2

O Instituto Ethos, em parceria com outras entidades, divulgou um estudo sobre a participação do negro nas 500 maiores empresas do país. E lamentou, com os jornais, o fato de que 27% delas não souberam responder quantos negros havia em cada nível funcional. Esse dado foi divulgado como indício de que, no Brasil, existe racismo. Um paradoxo. Quase um terço das empresas demonstra a entidades seriíssimas que “cor” ou “raça” não são filtros em seus departamentos de RH e, exatamente por essa razão, as empresas passam a ser suspeitas de racismo. Elas são acusadas por aquilo que as absolve. Tempos perigosos, em que pessoas, com ótimas intenções, não percebem que talvez estejam jogando no lixo o nosso maior patrimônio: a ausência de ódio racial.
Há toda uma gama de historiadores sérios, dedicados e igualmente bem-intencionados, que estudam a escravidão e se deparam com esta mesma constatação: nossa riqueza é esta, a tolerância. Nada escamoteiam: bem documentados, mostram os horrores da escravidão, mas atestam que, não a cor, mas a condição econômica é que explica a manutenção de um indivíduo na pobreza. [...]. Hoje, se a maior parte dos pobres é de negros, isso não se deve à cor da pele. Com uma melhor distribuição de renda, a condição do negro vai melhorar acentuadamente.
Porque, aqui, cor não é uma questão.
(Ali Kamel. “Não somos racistas”. www.oglobo.com.br, 09.12.2003.)
Texto 3

Qualquer estudo sobre o racismo no Brasil deve começar por notar que, aqui, o racismo é um tabu. De fato, os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. Essa é uma fonte de orgulho nacional, e serve, no nosso confronto e comparação com outras nações, como prova inconteste de nosso status de povo civilizado.
(Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Racismo e anti-racismo no Brasil, 1999. Adaptado.)


Texto 4

Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país de uma “boa consciência”, que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se de modo genérico e sem questionamento uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os possíveis conflitos. Essa é sem dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se torna inexistente, ora aparece na roupa de alguém outro.
É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com frequência parentes próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto, como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.
(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.)

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:


O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil










domingo, 23 de novembro de 2014

Dilema, Cruz e Sousa


DILEMA
Ao Cons. Luís Alvares dos Santos

Vai-se acentuando,
Senhores da justiça — heróis da humanidade,
O verbo tricolor da confraternidade...
E quando, em breve, quando

Raiar o grande dia
Dos largos arrebóis — batendo o preconceito...
O dia da razão, da luz e do direito
— solene trilogia —

Quando a escravatura
Surgir da negra treva — em ondas singulares
De luz serena e pura;

Quando um poder novo
Nas almas derramar os místicos luares,
Então seremos povo!

Cruz e Sousa (1861 – 1898) poeta negro simbolista


Quem sou eu, Luis Gama

Quem sou eu?
Luis Gama

Quem sou eu?
Quem importa quem?
Sou um trovador proscristo,
Que trago na fronte escrito,
Esta palavra – “ninguém!”

A.   E. Zaluar – “ Dores e Flores”


Amo o pobre, deixo o rico,
Vivo como tico-tico;
Não me envolvo em torvelinho.
Vivo só no meu cantinho:
Da grandeza sempre longe
Como vive o pobre monge.
Tenho mui poucos amigos,
Porém bons, que são antigos,
Fujo sempre à hipocrisia,
À sandice, à fidalguia;
Das manadas de barões?
Anjo bento, antes trovões.
Faço versos, não sou vate,
Digo muito disparate,
Mas só rendo obediência
À virtude, à inteligência:
Eis aqui o Getulino
Que no pletro anda mofino.
Sei que é louco e que é pateta
Quem se mete a ser poeta;
Que no século das luzes,
Os birbantes mais lapuzes,
Compram negros e comendas,
Têm brasões, não – das Kalendas,
E, com tretas e com furtos
Vão subindo a passos curtos;
Fazem grossa pepineira.
Só pela arte do Vieira,
E com jeito e proteções,
Galgam altas posições!
Mas eu sempre vigiando
Nessa súcia vou malhando
De tratante, bem ou mal,
Com semblante festival.
Dou de rígio no pedante
De pílulas fabricante,
Que blasona arte divina,
Com sulfatos de quinina,
Trabusanas, choropadas,
E mil outras patacoadas,
Que, sem pingo de rubor
Diz a todos que é DOUTROR!
Não tolero o magistrado,
Que do brio descuidado,
Vende a lei, trai a justiça.
- Faz a todos injustiça –
Com rigor de deprime o pobre
Presta abrigo ao rico, ao nobre,
E só acha horrendo crime
No mendigo, que deprime.
- Neste dou com dupla força.
Té que a manha perca ou torça.
Fujo às léguas do lojista,
- do beato e do sacrista –
Crocodilos disfarçados,
Que se fazem muito honrados
Mais que, tendo ocasião,
São mais feros que o Leão.
Fujo ao cego lisonjeiro,
Que, qual ramo de salgueiro,
Maleável, sem firmeza,
Vive à lei da natureza;
Que, com forme sopra o vento,
Dá mil voltas num momento.
O que sou, e como penso,
Aqui vai com todo o senso,
Posto que já veja irados
Muitos lorpas enfunados,
Vomitando maldições,
Contra as minhas reflexões.
Eu bem sei que sou qual Grilo,
De maçante e mau estilo;
E que os homens poderosos
Desta arenga receosos
Hão de chamar-me Tarelo,
Bode, negro, Mongebelo;
Porém eu que não me abalo,
Vou tangendo o meu badalo
Com repique impertinente,
Pondo a trote muita gente.
Se negro sou, ou se bode
Pouco importa. O que isto pode?
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muito vasta...
Há cinzentos, há rajados,
Baios, pampas e malhados,
Bodes negros, bodes brancos,
E, sejamos todos francos,
Uns plebeus, e outros nobres,
Bodes ricos, bodes pobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes...
Aqui, nesta boa terra,
Marram todos, tudo berra;
Nobres condes e duquesas,
Ricas damas e marquesas,
Deputados, senadores,
Gentis – homens, vereadores;
Belas damas emproadas,
De nobreza empantufadas;
Repimpados principotes,
Orgulhosos fidalgotes,
Frades, bispos, cardeais,
Fanfarrões imperiais,
Gentes pobres, nobres gentes
Em todos há meus parentes.
Entre a brava militança
Fuge e brilha alta bodança;
Guardas, cabos, furriéis,
Brigadeiros, coronéis,
Destemidos marechais,
Rutilantes generais,
Capitães de mar-e-guerra,
- tudo marra, tudo berra –
Na suprema eternidade,
Onde habita a Divindade,
Bodes há santificados,
Que por nós são adorados.
Entre o coro dos anjinhos
Também há muitos bodinhos
O amante de Syringa
Tem pêlo e má catinga;
O deus Mendes, pelas costas,
Na cabeça tinha pontas;
Jove quando foi menino,
Chupitou leite caprino;
E, segundo o antigo mito,
Também Fauno foi cabrito.
Nos domínios de Plutão,
Guarda um bode o alcorão;
Nos lundus e nas modinhas
São cantadas as bodinhas:
Pois se todos tem rabicho,
Para que tanto capricho?
Haja paz, haja alegria,
Folgue e brinque a bodaria;
Cesse pois a matinada,

Porque tudo é bodarrada! –

sábado, 16 de agosto de 2014

História e Cultura Africana e Afro-brasileira na Educação Infantil



História e Cultura Africana e Afro-Brasileira na Educação Infantil, uma publicação da UNESCO, MEC, UFUSCAR, apresentando uma série de sugestões aos professores da Educação Infantil e dos Ciclos Iniciais do Ensino Fundamental, a publicação apresenta uma série de temas que podem ser trabalhados, bem como apresenta os projetos Espaço Griô e Capoeira, além da sessão Quitanda com a indicação de Cds, DVDs, Livros, sites etc... Para acessar a publicação clique na imagem ou clique aqui

terça-feira, 20 de maio de 2014

Curta Histórias, Vencedores 2014

Categoria Ensino Médio
O ALMIRANTE NEGRO
Escola Estadual Dom José Gaspar
Araxá-MG


Categoria Educação de Jovens e Adultos
A educação é a arma mais poderosa Francisca Lira EJA II
Escola Municipal Professora Francisca Lira Leite de Brito
Afogados da Ingazeira-PE



Categoria Ensino Fundamental, Anos Finais

Curta Histórias Carolina Maria de Jesus
Escola Municipal Deputado Renato Azeredo
Belo Horizonte-MG



Ensino Fundamental, Anos Iniciais

João Cândido
Escola Municipal de Ensino Fundamental Santos Dumont
Campo Bom-RS