segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Afoxé Ylê Ogum

 O Bloco de Afoxé Ylê Ogum foi fundado na primeira metade da década de 1980, na região sul da cidade de Campinas - SP,  reunindo membros da comunidade negra, artistas populares, sambistas, batuqueiros, capoeiristas. Neste ano de 2024, no sábado, 03 de fevereiro, tivemos o desfile e cortejo do Bloco pelas ruas, vielas, becos das comunidades da Vila Ypê, Vila Georgina e Jardim das Oliveiras, desta forma, o Afoxé Ylê Ogum participou dos desfiles que marcaram a abertura do carnaval de rua na cidade de Campinas em 2024.




AFOXÉ

Cortejo carnavalesco de adeptos da tradição dos orixás, outrora também chamado "candomblé de rua". O termo se origina no iorubá àfose ("encantação"; "palavra eficaz, operante") e corresponde ao afro-cubano afoché, cujo significado seria "pó mágico"; "enfeitiçar com pó", "jogar um atim*". E assim se explica a origem histórica do termo: os antigos afoxés procuravam "encantar" os concorrentes. Surgidos em Salvador, BA, em 1895, os afoxés experimentaram um período de vitalidade até o final década, e entraram em declínio no término dos anos de 1920. O mais famoso foi o Pândegos d’ África, que só perdeu em popularidade para o Filhos de Gandhi*, surgido na década de 1940, e que aos poucos perdeu o caráter de "pândega", farra de rapazes, para adotar uma postura quase solene. No Rio de Janeiro, a história do carnaval registra a existência de um afoxé de cunho satírico, fundado em 1900 na Pedra do Sal* pelos baianos João Câncio, Rordão e Salu. O séquito era encabeçado por um obá, seguido por dignitários com títulos de origem iorubana como acapó*, baxorum* e ibiquejiobá, e cantavam-se toadas em língua africana. O símbolo do grupo e do "poder" do obá era um garrafão de vinho gigantesco, o que remete ao babalotim*, boneco que até hoje é levado à frente do afoxé, e cujo nome consiste no abrasileiramento de uma expressão em iorubá que significa "pai, dono da cachaça". Entre os afoxés baianos da década de 1940, conta-se, curiosamente, um, fotografado por Pierre Verger, denominado "Filhos do Congo", sinal banto* numa manifestação tipicamente iorubana.

 AFOXÊ

Nome usado para designar, em São Paulo, uma espécie de chocalho de cabo da tradição afro-brasileira, semelhante ao xequeré*. o termo parece ser corruptela de afoxé*, cortejo em cuja orquestra o xequeré tem papel fundamental.

 FONTE: LOPES, NEI. Enciclopédia Brasileira das Diáspora Africana, São Pulo: Selo Negro, 2004. pp 33.


IJEXÁ.

Urna das "nações" da tradição brasileira dos orixás. Por extensão, ritmo das danças de Oxum e Logun-Edé, orixás ijexás, e dos cortejos dos afoxés e do presente das águas*. Em Cuba, a tradição ijexá (iyesa) se faz presente de forma bastante expressiva na música ritual. Nesta, a orquestra de tambores, à qual se agregam dois agogôs e um güiro, compõe-se de quatro instrumentos sagrados, conhecidos genericamente por anã. São de forma cilíndrica e feitos de troncos de cedro ocados a mão. Bimembranófonos e encourados com pele de cabrito, são tensionados por meio de cordões de fibra vegetal enlaçados em movimento de ziguezague, como os ilus brasileiros (Ver Ilu). Denominam-se caja, segundo, tercero e bajo e se percutem, em geral, com baquetas de pau de goiabeira. Os vocábulos ijexá e iyesa originam-se no etnônimo ljèsà, subdivisão a etnia lorubá, que tem por capital a cidade nigeriana de Ilésà e cujo ancestral é Óbokún.

 FONTE: LOPES, NEI. Enciclopédia Brasileira das Diáspora Africana, São Pulo: Selo Negro, 2004. pp 337.