Jovens
negros inspiram pintor americano Kehinde Wiley
FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
Em suas pinturas a óleo, Kehinde Wiley associa a insolência do hip hop,
cultura urbana transformada em indústria bilionária, à aristocracia da Idade
Moderna.
Quando usa um vocabulário que reforça noções de prestígio, poder e
heroísmo, ele se diz transgressor.
"Coloco a cultura afro-americana dentro dos limites tradicionais do
retrato europeu para criar uma nova sensibilidade sobre raça e classe",
disse à Folha.
O que era uma prática restrita à experiência nos Estados Unidos agora se
globalizou. Na década passada, Wiley, 35, iniciou The World Stage, projeto
sobre os negros de países como Israel, Nigéria, Índia, China e Brasil.
No próximo mês, o Contemporary Jewish Museum, de San Francisco, nos
Estados Unidos, exibe a série com os judeus etíopes.
Negritude é, para Wiley, "uma estética nômade", criadora de uma
linguagem internacional. "Notei semelhanças entre os bairros
afro-americanos e as regiões urbanas carentes de outros países", diz.
"Existe uma ressonância óbvia entre a pobreza das favelas do Rio e a
exclusão em South Los Angeles, onde cresci."
Wiley visitou o Brasil em 2008. Para fazer as 22 pinturas de jovens
brasileiros adotou o mesmo método que o consagrou no início dos anos 2000,
quando percorria as ruas do Harlem, em Nova York.
Wiley aborda ao acaso um desconhecido e lhe paga pelo menos US$ 100
(cerca de R$ 200), por hora, para fotografá-lo em poses clássicas. Sua técnica
lembra a de Norman Rockwell (1894-1978). Ambos manipulam uma situação e a
congelam em fotos antes de registrá-la na tela.
O resultado varia pouco. Um jovem que veste roupas de marca, retratado em
cores vibrantes, à frente de um fundo adornado, parece saído de um quadro de
Velázquez, Jacques-Louis David ou Hans Memling.
Kehinde Wiley
"Alegoria a Lei do Ventre Livre" (2009), pintura de Kehinde
Wiley
POP ART
Wiley rejeita a afirmação recorrente de que os seus trabalhos são
comerciais ou um exemplo de pop art. "Eu não tento elevar tendências da
cultura de massa a uma forma privilegiada, o que é por definição um dos
atributos mais importantes da pop art."
Desde 2001 ele participou de mais de 50 exposições (ao menos 20
individuais).
Já fechou parcerias publicitárias com Puma e Givenchy. O Metropolitan
Museum of Art, o Jewish Museum e o Brooklyn Museum, que programa uma
retrospectiva em 2015, compraram suas obras. Recentemente, Wiley divulgou
"An Economy of Grace", em que pela primeira vez retrata mulheres
negras e responde à crítica de que seria misógino.
Um comentário:
Gostei muito do blog e das obras, também sou professora
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