domingo, 3 de novembro de 2024

“Desafios para a valorização da herança africana no Brasil" - Redação ENEM 2024

“Desafios para a valorização da herança africana no Brasil" - Redação ENEM 2024


enem2024

Exame Nacional do Ensino Médio


INSTRUÇOES PARA A REDAÇÃO

1. O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.

2. O texto definitivo deve ser escrito à tinta preta, na folha própria, em até 30 (trinta) linhas.

3. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para a contagem de Linhas.

4. Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

4.1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada “texto insuficiente”;

4.2. fugir ao lema ou não atender ao tipo dissertativo-argumentativo:

4.3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do lema proposto:

4.4. apresentar nome, assinatura, rubrica ou outras formas de identificação no espaço destinado ao texto.

 

TEXTO I        

Herança - o legado de crenças, conhecimentos, técnicas, costumes, tradições, transmitido por um grupo social de geração para geração; cultura.

HOUAISS. A ; VILLAR. M S dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro Objetiva. 2009 (adaptado).

 

TEXTO II

As culturas africanas e afro-brasileiras foram relegadas ao campo do folclore com o propósito de confiná-las ao gueto fossilizado da memória. Folclorizar nesse caso, é reduzir uma cultura a um conjunto de representações estereotipadas, via de regra, alheias ao contexto que produziu essa cultura.

OLIVEIRA, E. D A epistemologia da ancestralidade Entrelugares revista de sociopoética e abordagens afins, 2009.

 

TEXTO III


PAULINO, R. Ainda a lamentar In GONÇALVES, A M Um Defeito de Cor - romance Rio de Janeiro Record, 2024 (adaptado)


TEXTO IV

História afro-brasileira nas escolas: professoras 

comentam avanços e dificuldades

As aulas sobre escravidão eram motivo de vergonha para uma professora quando ela estudava em uma escola municipal na zona sul de São Paulo. ”Era o meu pior momento na escola", lembra a ex-aluna, Naquela época, a história da população negra no Brasil era reduzida ao horror do período escravocrata. Não se falava na escola sobre temas como a história e a cultura afro-brasileira, muito menos sobre as grandes personalidades negras do país, como Luiz Gama e Carolina Maria de Jesus.

A pedagoga, que é negra, tem orgulho de oferecer uma experiência diferente da que viveu em sala de aula para seus alunos. Agora os livros infantis levados para as turmas têm protagonistas pretos. Temas como a beleza do cabelo crespo e o combate ao racismo fazem parte do dia a dia da escola.

Disponível em: https://jornal.unesp.br. Acesso em 3 jun. Z024 (adaptado).

 

TEXTO V

Histórias para ninar gente grande

G.R.E.S, Estação Primeira de Mangueira (samba-enredo de 2019)


Brasil, meu nego

Deixa eu te contar

A história que a história não conta

O avesso do mesmo lugar

Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo

A Mangueira chegou

Com versos que o livro apagou

Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento

Tem sangue retinto pisado

Atrás do herói emoldurado

Mulheres, tamoios, mulatos

Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara

E a tua cara e de cariri

Não veio do céu

Nem das mãos de Isabel

A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho

Quem foi de aço nos anos de chumbo

Brasil, chegou a vez

De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês


Disponível em: www.mangueira.com.br.  Acesso em 30 maio 2024 (fragmento)


TEXTO VI

Alunos de escola municipal conhecem pontos do Rio que retratam 

relação com a África




Alunos admiram grafite de Zumbi dos Palmares na Pedra do Sal.

Disponível em www.oglobo.com.  Acesso em 29 maio 2024 (adaptado)


PROPOSTA DE REDAÇAO


A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da Língua portuguesa sobre o tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil", apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

 

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO • 1° DIA • CADERNO 4 • VERDE

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Relações Étnico Raciais, África, Cultura Negra no Vestibular da UNICAMP - 2025


Entre as 72 questões do vestibular da UNICAMP - 2025, tivemos 8 questões trazendo a temática étnico-racial, África e Cultura Negra - foram  05 questões de Ciências Humanas, 02 questões em Linguagens (Inglês), 01 questão de Ciências da Natureza. Veja as questões presentes na Prova Q-Z


QUESTÃO 03




Originário do continente americano, o cacau pôde se difundir em regiões africanas com características naturais similares às encontradas na América do Sul, de tal modo que, na atualidade, o continente africano se tornou o maior produtor e exportador de cacau do mundo, sendo elo fundamental dos circuitos espaciais de produção, distribuição e consumo do chocolate no mundo.

Indique a principal região cacaueira do continente africano, associando-a às condições socioambientais de produção.

a) África ocidental, na costa do Golfo da Guiné, em áreas de floresta equatorial-tropical; cultivo sob forte custo ecológico e colheita manual.

b) África setentrional, na costa do Estreito de Gibraltar, em áreas de floresta mediterrânea; cultivo com manejo sustentável da floresta e colheita mecanizada.

c) África ocidental, na costa do Golfo da Guiné, em áreas de floresta mediterrânea; cultivo com manejo sustentável da floresta e colheita mecanizada.

d) África setentrional, na costa do Estreito de Gibraltar, em áreas de floresta equatorial-tropical; cultivo sob forte custo ecológico e colheita manual

 


Texto 1

The fact that so few African Americans write science fiction is perplexing since they, in a very real sense, inhabit a sci-fi nightmare in which unseen but no less palpable acts of intolerance frustrate their movement; official histories undo what has been done; and technology is too often brought to bear on black bodies. Moreover, the sublegitimate status of science fiction in literature mirrors the subaltern position to which blacks have been relegated throughout American history. The notion of Afrofuturism gives rise to a troubling antinomy: can a community whose past has been deliberately rubbed out, and whose energies have been consumed by the search for legible traces of its history, imagine possible futures?

 

(Adaptado de DERY, M. Black to the future: interviews with Samuel R. Delany, Greg Tate, and Tricia Rose. In: ___. (Ed.) The Discourse of cyberculture. Durham; London: Duke University Press, p. 179-222, 1994.)

 

QUESTÃO 18

 

De acordo com o texto 1, a escassez de autores afro-americanos em obras de ficção científica representa um

 

a) pesadelo que retrata o apagamento sistemático dos avanços culturais da comunidade negra.

b) protesto contra o processo de exclusão e de subalternização dessas pessoas na sociedade.

c) movimento explícito que tem por objetivo deslegitimar o passado e a história do movimento negro.

d) paradoxo que se deve à semelhança entre as violências que vivem e ações retratadas nessas obras

 

 

Para responder questão 19, leia o texto 2 e retome o texto 1.

 

Texto 2

 

“Parable of the Talents”

(Octavia E. Butler)

 

“To survive,

Let the past

Teach you--

Past customs,

Struggles,

Leaders and thinkers.

Let

These

Help you.

Let them inspire you,

Warn you,

Give you strength.

But beware:

God is Change.

Past is past.

What was

Cannot

Come again.

To survive,

know the past.

Let it touch you.

Then let

The past Go.”

 

(BUTLER, Octavia E. Parable of the Talents. New York, Durham and London: Open Road, 1998.)

 

QUESTÃO 19

 

O texto 2 toca em um aspecto central do afrofuturismo e reme[1]te ao tema do questionamento do texto 1. Assim, pode-se dizer  que o poema reconhece que

 

a) o passado pode contribuir para a construção de futuros possíveis, mas não pode ser repetido.

b) a imaginação de futuros possíveis está condicionada ao ensino sobre líderes religiosos do passado.

c) o apagamento do passado pode trazer ensinamentos, mas isso não garante a criação de futuros possíveis.

d) a sobrevivência em futuros possíveis requer que os costumes e as dores do passado sejam esquecidos.

 

 

QUESTÃO 24

 

Quando eu falo em adiar o fim do mundo, não é a este mundo em colapso que estou me referindo. Este tem um esquema tão violento que eu queria mais é que ele desaparecesse à meia noite de hoje e que amanhã a gente acordasse em um novo. No entanto, efetivamente, estamos atuando no sentido de uma transfiguração, desejando aquilo que o Nêgo Bispo chama de confluências, e não essa exorbitante euforia da monocultura, que reúne os birutas que celebram a necropolítica sobre a vida plural dos povos deste planeta. Ao contrário do que estão fazendo, confluências evoca um contexto de mundos diversos que podem se afetar. (...) Se o colonialismo nos causou um dano quase irreparável foi o de afirmar que somos todos iguais.

 

(Adaptado de KRENAK, Ailton. Futuro ancestral. São Paulo: Companhia das Letras, p. 40-42, 2022.)

 

Assinale a alternativa que explicita a crítica de Krenak à mono[1]cultura, tal como é enunciada no excerto.

a) A monocultura praticada nos grandes latifúndios é responsável por diversos problemas ambientais e pela necropolítica.

b) A monocultura, assim como a imposição colonial de um modelo cultural único, se expressa na recusa da pluralidade de povos e culturas.

c) Adiar o fim do mundo requer o combate à monocultura na produção agrícola e a transfiguração deste mundo em que estamos vivendo.

d) A monocultura, produtora de violências, é resultado do colonialismo e da necropolítica

 

 

QUESTÃO 29

 

A figura a seguir é a reprodução de uma capa do “Boletim de Eugenia”, de onde foi extraído o excerto transcrito ao abaixo


“Em fevereiro de 1929, a Inspetoria de Educação Sanitária e Centros de Saúde promoveram em São Paulo o primeiro concurso de Eugenia para eleger o bebê eugênico. O Boletim de Eugenia comentava a repercussão que o concurso teve na grande imprensa e estampava em sua capa a criança de 3 anos que ganhou o prêmio. Os critérios de julgamento do concurso visavam à promoção de: 'proles sadias e belas, para a organização de um ensaio de patronagem da futura elite nacional de eugenizados; finalmente, contribuía com preciosos elementos para estudos relativos à hereditariedade, ao meio social e familiar, ao cruzamento de raças'.”

(Adaptado de Boletim de Eugenia, 1(5), p.1, maio de 1929.)

 

Com base em seus conhecimentos sobre o ideário eugênico e seu contexto, e tendo em vista elementos do excerto, assinale a alternativa correta.

 

a) Uma criança considerada saudável seria branca e oriunda de uma família numerosa, o que atestaria a pureza racial da família e a superioridade reprodutiva da mulher.

b) A ideologia do “aperfeiçoamento da raça” demandava políticas públicas para superação das desigualdades entre negros e brancos nas grandes cidades.

c) Em sua busca por tratamentos alternativos ao “robusteci[1]mento” do corpo e “aperfeiçoamento racial”, a medicina eugênica opunha-se às práticas científicas.

d) Tanto o autoritarismo contra os pobres quanto a obrigatoriedade das vacinas criadas pelo serviço sanitário eugênico provocaram grandes revoltas populares na década de 1930.

 

QUESTÃO 30

 

A maioria dos países africanos tornaram-se independentes entre 1950 e 1975. Amílcar Cabral foi uma das lideranças que formularam projetos políticos para criar unidades nacionais no pós-independência. Ele havia nascido na Guiné-Bissau em 1924; depois de seu nascimento, sua família se mudou para Cabo Verde. Em 1945, obteve bolsa para estudar em Portugal; na Europa, entrou, então, em contato com as teorias do movimento da negritude, panafricanismo e marxismo. De volta à África em 1952, ajudou a fundar o Partido Africano para a Independência de Guiné e Cabo Verde (PAIGC, 1953), iniciando a luta armada contra a metrópole em 1963. Em um discurso, Cabral afirmou: “No nosso Partido ninguém dividiu; pelo contrário, cada dia nos unimos mais. Aqui não há papel, nem fula, nem mandinga, nem filhos de caboverdianos, nada disso.”

 

(Adaptado de MALACCO, F. Unidade nacional e unidade continental: uma discussão acerca dos projetos políticos de Amílcar Cabral e Kwame Nkrumah. Revista Ars Historica, 17, p. 78-100, jul/dez 2018.)

 

Com base no excerto, marque a alternativa correta sobre o ideário nacional proposto por Amílcar Cabral e pelo movimento por ele liderado.

 

a) Almejava, com base nas fronteiras dos reinos africanos que existiam antes da chegada dos europeus, construir nações independentes.

b) Buscava formar, para o enaltecimento das identidades étnicas que antecediam o colonialismo, uma grande unida[1]de pan-africanista.

c) Propunha um movimento de descolonização das culturas africanas, o qual demandava a adoção de dialetos locais e a rejeição, como idioma nacional, das línguas europeias.

d) Defendia, para fortalecer a luta contra a colonização e ideologia portuguesa, as unidades políticas nacionais posiciona[1]das acima da diversidade de etnias africanas.

 

 

QUESTÃO 45

 

Em “Sonhos para adiar o fim do mundo”, o pensador Ailton Krenak conta-nos que um pajé Xavante sonhou que a terra fi[1]caria desolada diante da ação predatória dos homens brancos. Escreve Krenak no livro: “Foi ali que eu atinei que tinha algo na perspectiva dos povos indígenas, em nosso jeito de observar e pensar, que poderia abrir uma fresta de entendimento nesse entorno que é o mundo do conhecimento. Naquele tempo eu comecei a visitar as florestas (...) e, por todos os lados, os pajés diziam: ‘vocês precisam tomar cuidado porque o mundo dos brancos está invadindo a nossa existência.’ Invadindo.”.

(KRENAK, A. A vida não é útil. São Paulo: Companhia das Letras, p. 35-36, 2020.)

No trecho, as preocupações dos pajés evocam

 

a) o trauma de variados povos indígenas das florestas, decorrente das frestas de entendimento sobre o passado colonial extrativista.

b) a adoção da diversidade de perspectivas, embora os homens brancos reconheçam a falibilidade do sistema de dominação presente.

c) a diferença de perspectivas na relação homem-natureza, com a valorização da busca de um conhecimento não predatório.

d) a resistência indígena a partir do sonho de que os homens brancos deixem de ameaçar a existência dos povos originários.

 

 

QUESTÃO 66

 

Rosana Paulino é uma artista visual brasileira e suas obras têm foco nas questões sociais, étnicas e de gênero. A obra a seguir foi exposta na 35ª Bienal de São Paulo (2023) e promove a integração da arte com a natureza brasileira, retratando um importante ecossistema costeiro

 

(Adaptado de https://www.rosanapaulino.com.br/blank-5. Acesso em 02/04/2024.)

 

Tendo em vista seus conhecimentos sobre biologia e considerando a obra apresentada, é correto afirmar que

a) as árvores com raízes expostas representam a vegetação halófita característica de áreas alagadiças dos manguezais, sendo o solo úmido, salino, pobre em oxigênio e rico em nutrientes.

b) os caranguejos são crustáceos e constituem a base de uma extensa cadeia alimentar, característica de áreas lodosas das restingas, com solo arenoso, pobre em nutrientes e em oxigênio.

c) as árvores com raízes aéreas representam a vegetação xerófita característica de áreas lodosas das restingas, sendo o solo arenoso, salobre, rico em carbono e em matéria orgânica.

d) os caranguejos são moluscos característicos de áreas alagadiças dos manguezais, habitam o solo úmido e salino, se alimentam da matéria orgânica em decomposição e de uma variedade de pequenos animais.com a valorização da busca de um conhecimento não predatório.

 

GABARITO OFICIAL CONVEST

PROVA Q/Z


03. A

18. D

19. A

24. B

29. A

30. D

45. C

66. A



 

 

 

pretuguês - Rosana Paulino

Rosana Paulino é uma artista visual brasileira e suas obras têm foco nas questões sociais, étnicas e de gênero




Bandeira criada para o Museu de Arte do Rio (MAR) inspirada pelo conceito de “Pretuguês” da filósofa Lélia Gonzalez. O hasteamento da bandeira aconteceu no 27 de outubro de 2022, antes de uma conversa entre a artista e a escritora Ana Maria Gonçalves, autora de
Um Defeito de Cor


https://www.rosanapaulino.com.br/blank-5



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Afoxé Ylê Ogum

 O Bloco de Afoxé Ylê Ogum foi fundado na primeira metade da década de 1980, na região sul da cidade de Campinas - SP,  reunindo membros da comunidade negra, artistas populares, sambistas, batuqueiros, capoeiristas. Neste ano de 2024, no sábado, 03 de fevereiro, tivemos o desfile e cortejo do Bloco pelas ruas, vielas, becos das comunidades da Vila Ypê, Vila Georgina e Jardim das Oliveiras, desta forma, o Afoxé Ylê Ogum participou dos desfiles que marcaram a abertura do carnaval de rua na cidade de Campinas em 2024.




AFOXÉ

Cortejo carnavalesco de adeptos da tradição dos orixás, outrora também chamado "candomblé de rua". O termo se origina no iorubá àfose ("encantação"; "palavra eficaz, operante") e corresponde ao afro-cubano afoché, cujo significado seria "pó mágico"; "enfeitiçar com pó", "jogar um atim*". E assim se explica a origem histórica do termo: os antigos afoxés procuravam "encantar" os concorrentes. Surgidos em Salvador, BA, em 1895, os afoxés experimentaram um período de vitalidade até o final década, e entraram em declínio no término dos anos de 1920. O mais famoso foi o Pândegos d’ África, que só perdeu em popularidade para o Filhos de Gandhi*, surgido na década de 1940, e que aos poucos perdeu o caráter de "pândega", farra de rapazes, para adotar uma postura quase solene. No Rio de Janeiro, a história do carnaval registra a existência de um afoxé de cunho satírico, fundado em 1900 na Pedra do Sal* pelos baianos João Câncio, Rordão e Salu. O séquito era encabeçado por um obá, seguido por dignitários com títulos de origem iorubana como acapó*, baxorum* e ibiquejiobá, e cantavam-se toadas em língua africana. O símbolo do grupo e do "poder" do obá era um garrafão de vinho gigantesco, o que remete ao babalotim*, boneco que até hoje é levado à frente do afoxé, e cujo nome consiste no abrasileiramento de uma expressão em iorubá que significa "pai, dono da cachaça". Entre os afoxés baianos da década de 1940, conta-se, curiosamente, um, fotografado por Pierre Verger, denominado "Filhos do Congo", sinal banto* numa manifestação tipicamente iorubana.

 AFOXÊ

Nome usado para designar, em São Paulo, uma espécie de chocalho de cabo da tradição afro-brasileira, semelhante ao xequeré*. o termo parece ser corruptela de afoxé*, cortejo em cuja orquestra o xequeré tem papel fundamental.

 FONTE: LOPES, NEI. Enciclopédia Brasileira das Diáspora Africana, São Pulo: Selo Negro, 2004. pp 33.


IJEXÁ.

Urna das "nações" da tradição brasileira dos orixás. Por extensão, ritmo das danças de Oxum e Logun-Edé, orixás ijexás, e dos cortejos dos afoxés e do presente das águas*. Em Cuba, a tradição ijexá (iyesa) se faz presente de forma bastante expressiva na música ritual. Nesta, a orquestra de tambores, à qual se agregam dois agogôs e um güiro, compõe-se de quatro instrumentos sagrados, conhecidos genericamente por anã. São de forma cilíndrica e feitos de troncos de cedro ocados a mão. Bimembranófonos e encourados com pele de cabrito, são tensionados por meio de cordões de fibra vegetal enlaçados em movimento de ziguezague, como os ilus brasileiros (Ver Ilu). Denominam-se caja, segundo, tercero e bajo e se percutem, em geral, com baquetas de pau de goiabeira. Os vocábulos ijexá e iyesa originam-se no etnônimo ljèsà, subdivisão a etnia lorubá, que tem por capital a cidade nigeriana de Ilésà e cujo ancestral é Óbokún.

 FONTE: LOPES, NEI. Enciclopédia Brasileira das Diáspora Africana, São Pulo: Selo Negro, 2004. pp 337.



terça-feira, 18 de julho de 2023

Coragem com Elza Soares

 

Coragem

Canção de Elza Soares

 

Quem me vê forte

Não sabe que eu já fui fraca

Quem me vê sorrindo

Não sabe que eu já chorei

Eu nasci pobre, preta, da cor da noite

Acostumada a ver meus ancestrais

Sofrerem no açoite

 

Se quem cala consente

A minha boca vai continuar

Sendo uma arma letal

Contra o abuso de poder

Pra gente sair

Da página policial

 

Se você é preto

Não se iluda, meu bem

Entre eles e nós

A lei protege quem?

 

Se você é preto

Coragem, meu bem

Porque o medo da morte

Leva a vida também

 

Quem me vê forte

Não sabe que eu já fui fraca

Quem me vê sorrindo

Não sabe que eu já chorei

Eu nasci pobre, preta, da cor da noite

Acostumada a ver meus ancestrais

Sofrerem no açoite

 

Se quem cala consente

A minha boca vai continuar

Sendo uma arma letal

Contra o abuso de poder

Pra gente sair

Da página policial

 

Se você é preto

Não se iluda, meu bem

Entre eles e nós

A lei protege quem?

 

Se você é preto

Coragem, meu bem

Porque o medo da morte

Leva a vida também

 

Se você é preto

Não se iluda, meu bem

Entre eles e nós

A lei protege quem?

 

Se você é preto

Coragem, meu bem

Porque o medo da morte

Leva a vida também

 

É...

 

Lá, lá, lá, lá, lá, lá, lá, laralaralara



quarta-feira, 12 de julho de 2023

Rainha Africana - Elza Soares

 Rainha Africana

Rita Lee e Elza Soares

 

Cara

Olha bem pra minha cara

Veja em mim uma mulher

Que passou por muita dor

Mesmo assim aqui estou

Soltando a minha voz

Minha raça, minha cor

 

Sendo uma guerreira

Que passou a vida inteira

Vista como nega maluca

Uma preta lelé da cuca

 

Eis-me aqui

Rainha Africana

Brazuca sul-americana

Poderosa no meu trono

 

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

 

Cara

Olha bem pra minha cara

Veja em mim uma mulher

Que passou por muita dor

Mesmo assim aqui estou

Soltando a minha voz

Minha raça, minha cor

 

Sendo uma guerreira

Que passou a vida inteira

Vista como nega maluca

Uma preta lelé da cuca

 

Eis-me aqui

Rainha africana

Brazuca sul-americana

Poderosa no meu trono

 

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

 

Eis-me aqui

Rainha africana

Brazuca sul-americana

Poderosa no meu trono

 

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono

Eu não tenho dono


África Ocidental

 

África Ocidental



 

Ao oeste, é porção mais ocidental do continente africano, A região representa a confluência dos principais biomas africanos, que estão localizados bem próximos um dos outros nesta região, distribuídos de norte para o sul abrangendo áreas do deserto (extremo sul do Saara), Estepes (Sahel), Savanas e Florestas. Importantes bacias hidrográficas se localizam na região, com destaque para rios Níger, Senegal, Volta e Gâmbia, entre outros. Esses recursos hídricos foram fundamentais para o desenvolvimento da prática da agricultura na região. Quase todos os rios desaguam no Oceano Atlântico, a região possui um vasto litoral, com estuários, baias, golfos, temos a impressão que a África avança sobre o oceano Atlântico procurando se aproximar das terras do outro lado do oceano.

 




A África Ocidental é denominada nas narrativas históricas de Sudão Ocidental, provavelmente a sua ocupação remonta o fim da pré-história, por ondas migratórias vindas do leste da África (Sudão). Portanto, os povos que habitam essa região foram chamados genericamente de Sudaneses, designação arbitrária dada aos povos africanos localizados a oeste, entre o Saara e Camarões, povos que viviam ao sul do Deserto do Saara.

 

Na África Ocidental pode ser caracterizada por uma grande diversidade cultural, com a ocorrência centenas de etnias, como, por exemplo, os: jalofos, tucolores, soninquês, mandingas, songais, fulas, sereres, bambaras, beafadas, banhuns, acâs, acuamos, fons, doameanos, fantes, hauçás, nupes, igalas, baribas, ijós, ibibios, ibos, itsequiris, evé, edos, benis, oiós, iorubas. Muitas dessas etnias constituíram prósperas civilizações e se organizaram em diferentes formas de organizações políticas como Impérios, Reinos, Cidades-Estados, regiões autônomas.

 


Entre as grandes formações políticas do passado da região temos o Império de Gana (séculos VIII ao XIII), Império do Mali (séculos XIII e XV) e Império do Songhai (séculos XV e XVI).

 

A África Ocidental foi a primeira região da África subsaariana a conviver com a presença europeia, a partir da expansão marítima e comercial, na transição da Idade Média para Idade Moderna, vários produtos da região como ouro, marfim, madeira, sal, pele de animais, entre outros, passaram a fazer parte do comércio, e à medida que a colonização da América avançava, passa a ser uma das mais importantes regiões fornecedoras de mão-de-obra escravizada ao longo de toda a Idade Moderna até meados do século XIX.

 

Portugal foi a primeira potência mercantil europeia entrar em contato com a região já em meados do século XV, estabelecendo feitorias/fortalezas ao longo deste litoral, como é o caso do São Jorge da Mina, em Gana, no final do século XVI e principalmente no século XVII, Portugal começa a dividir a sua influência com outras potências marítimo-comerciais como a Espanha, Holanda, França e Inglaterra que passam integrar o lucrativo comércio com a África, particularmente o tráfico de escravizados para as colônias americanas.

 

A África Ocidental durante a etapa do capitalismo monopolista, em meados do século XIX, com o avanço da partilha da África e com raríssimas exceções (Guiné-Bissau, Libéria e Togo) a região passou a ser totalmente controlada pelo Imperialismo/Neocolonialismo britânico e francês, permanecendo sob esse domínio até a segunda metade do século XX, quando temos o inicio do processo de descolonização e independência da maioria dos países da região.

 

Na atualidade integram a região da África ocidental os seguintes países: Benim, Burquina Fasso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.

 



A geografia e a história da África Ocidental merecem uma atenção especial dos professores brasileiros, os povos e culturas originárias dessa área foram extremamente importantes para a formação da identidade afro-brasileira. Várias tecnologias milenares como a agricultura e pecuária tropical, mineração, cerâmica, artesanato, vários saberes, conhecimentos, técnicas além de diferentes formas de religiosidades foram levadas para o Brasil. A África Ocidental já foi chamada de costa dos escravos, dada a importância da região no tráfico transatlântico, essa foi a segunda maior região fornecedora de mão-de-obra escravizada para o Brasil.