O Bloco de Afoxé Ylê Ogum foi fundado na primeira metade da década de 1980, na região sul da cidade de Campinas - SP, reunindo membros da comunidade negra, artistas populares, sambistas, batuqueiros, capoeiristas. Neste ano de 2024, no sábado, 03 de fevereiro, tivemos o desfile e cortejo do Bloco pelas ruas, vielas, becos das comunidades da Vila Ypê, Vila Georgina e Jardim das Oliveiras, desta forma, o Afoxé Ylê Ogum participou dos desfiles que marcaram a abertura do carnaval de rua na cidade de Campinas em 2024.
AFOXÉ
Cortejo carnavalesco de adeptos
da tradição dos orixás, outrora também chamado "candomblé de rua". O
termo se origina no iorubá àfose ("encantação"; "palavra eficaz,
operante") e corresponde ao afro-cubano afoché, cujo significado seria
"pó mágico"; "enfeitiçar com pó", "jogar um
atim*". E assim se explica a origem histórica do termo: os antigos afoxés
procuravam "encantar" os concorrentes. Surgidos em Salvador, BA, em
1895, os afoxés experimentaram um período de vitalidade até o final década, e
entraram em declínio no término dos anos de 1920. O mais famoso foi o Pândegos d’
África, que só perdeu em popularidade para o Filhos de Gandhi*, surgido na
década de 1940, e que aos poucos perdeu o caráter de "pândega", farra
de rapazes, para adotar uma postura quase solene. No Rio de Janeiro, a história
do carnaval registra a existência de um afoxé de cunho satírico, fundado em
1900 na Pedra do Sal* pelos baianos João Câncio, Rordão e Salu. O séquito era
encabeçado por um obá, seguido por dignitários com títulos de origem iorubana
como acapó*, baxorum* e ibiquejiobá, e cantavam-se toadas em língua africana. O
símbolo do grupo e do "poder" do obá era um garrafão de vinho
gigantesco, o que remete ao babalotim*, boneco que até hoje é levado à frente
do afoxé, e cujo nome consiste no abrasileiramento de uma expressão em iorubá
que significa "pai, dono da cachaça". Entre os afoxés baianos da
década de 1940, conta-se, curiosamente, um, fotografado por Pierre Verger,
denominado "Filhos do Congo", sinal banto* numa manifestação
tipicamente iorubana.
Nome usado para designar, em São
Paulo, uma espécie de chocalho de cabo da tradição afro-brasileira, semelhante
ao xequeré*. o termo parece ser corruptela de afoxé*, cortejo em cuja orquestra
o xequeré tem papel fundamental.
IJEXÁ.
Urna das "nações" da
tradição brasileira dos orixás. Por extensão, ritmo das danças de Oxum e
Logun-Edé, orixás ijexás, e dos cortejos dos afoxés e do presente das águas*.
Em Cuba, a tradição ijexá (iyesa) se faz presente de forma bastante expressiva
na música ritual. Nesta, a orquestra de tambores, à qual se agregam dois agogôs
e um güiro, compõe-se de quatro instrumentos sagrados, conhecidos genericamente
por anã. São de forma cilíndrica e feitos de troncos de cedro ocados a mão.
Bimembranófonos e encourados com pele de cabrito, são tensionados por meio de
cordões de fibra vegetal enlaçados em movimento de ziguezague, como os ilus
brasileiros (Ver Ilu). Denominam-se caja, segundo, tercero e bajo e se
percutem, em geral, com baquetas de pau de goiabeira. Os vocábulos ijexá e
iyesa originam-se no etnônimo ljèsà, subdivisão a etnia lorubá, que tem por
capital a cidade nigeriana de Ilésà e cujo ancestral é Óbokún.
Nenhum comentário:
Postar um comentário